segunda-feira, 27 de abril de 2020

Como Poderia Deus Abençoar Sifrá e Puá por Mentirem ao Faraó?

Êxodo 1.16 contém as instruções do rei egípcio às parteiras hebreias com respeito ao assassinato dos meninos recém-nascidos: "Quando vocês ajudarem as hebreias a dar à luz, verifiquem se é menino. Se for, matem-no; se for menina, deixem-na viver". Portanto, temos aqui uma ordem para que cometessem infanticídio (e genocídio). Prossegue a narrativa, e informando-nos que, a fim de evitar a perpetração de um ato tão hediondo, as parteiras usaram uma estratégia, a da demora. Em outras palavras, demoravam a atender ao chamado de uma hebreia em trabalho de parto, de modo que o bebê nascia antes de elas chegarem, estando já colocado no berço.

E assim explicaram as parteiras ao Faraó: "As mulheres hebreias [...] são cheias de vigor e dão à luz antes que cheguem as parteiras" (Êx 1.19). Provavelmente era verdade que elas chegavam tarde demais. Apenas não divulgavam que a demora delas era proposital. A polícia egípcia tê-las-ia prendido facilmente se fossem vigiadas durante as 24 horas do dia, pelo que tais parteiras correram o grave risco de serem apanhadas, julgadas e executadas sumariamente. Entretanto, ao enfrentar a decisão de perpetrar infanticídio contra seu povo e enganar o rei, aplicando-lhe uma meia-verdade com o objetivo de evitar uma grande calamidade, escolheram acertadamente o mal menor a fim de evitar o maior. Deus não honrou e aprovou essas bravas mulheres pelo fato de haverem retido parte da verdade; antes, o Senhor as abençoou pelo fato de estarem prontas a incorrer no risco de morrer a fim de salvar a vida de bebês inocentes.

No que diz respeito a essa questão específica, às vezes alguém faz a pergunta: "Como poderiam duas parteiras servir a uma comunidade de dois milhões de pessoas durante uma época de alto índice de natalidade entre os hebreus?". É claro que elas não teriam atendido a tantas mães hebreias sem dispor de numerosas assistentes. Mas era prática normal entre os egípcios estabelecer uma cadeia burocrática de comando ligada a quase todas as agências ou atividades governamentais. Cada departamento tinha seu supervisor responsável perante um chefe de governo provincial ou, talvez, nacional. No caso em apreço, o rei teria nomeado duas profissionais experientes, maduras em seu ofício, capazes de gerenciar um serviço de obstetrícia regular sob a supervisão governamental. Não podemos dizer quantas assistentes Sifrá e Puá teriam, mas é bem provável que houvessem instruído suas assistentes com todo cuidado a respeito da técnica de chegar atrasadas à chamada do parto, a fim de preservarem a vida dos bebês. Assim foi que o Faraó só dispunha de duas supervisoras espertas a quem investigava, e desejava suplantá-las em espírito ardiloso. Por isso, Deus lhes concedeu a bênção de serem bem-sucedidas, como recompensa pela coragem em arriscar a própria existência para salvar a vida dos bebês.

Estraído da "Enciclopédia de Temas Bíblicos" de Gleason Archer.

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