segunda-feira, 13 de maio de 2013

Porque Deus ordenou que Saul matasse os amalequitas?

Os amalequitas, um nome que poderia soar vagamente familiar ao leitor da Bíblia, pode ser estranho para nós, mas não é estranho para os israelitas. 
Os amalequitas são um dos povos que habitam a parte sul de Canaã. Quando os israelitas deixaram o Egito e se dirigiam para Canaã , eles foram uma das primeiras nações que os israelitas encontraram. 
 

 Esta é uma das nações vizinhas com quem Israel está em constante conflito. Os amalequitas atacam Israel, que, desobedientemente, procura possuir a terra prometida depois de sua incredulidade em Cades-Barnéia (ver Nm. 14:25, 43, 45). Eles se juntam aos midianitas para atacar e saquear Israel e são uma das nações que ameaçam tanto Israel, que Gideão precisa ter certeza da presença de Deus com ele na batalha (ver Jz. 6:3, 33, 7:12). Esta é a nação atacada por Davi, que invade Ziclague e captura sua família e seus bens e a família e os bens de seus homens (ver I Sam. 27:8, 30:1, 18, II Sam. 1:1).



A ordem para matar a nação inteira e seu gado não é algo novo. Deus exigiu isto dos israelitas quando encontrassem as nações cananéias:



“No entanto, nada do que alguém dedicar irremissivelmente ao SENHOR, de tudo o que tem, seja homem, ou animal, ou campo da sua herança, se poderá vender, nem resgatar; toda coisa assim consagrada será santíssima ao SENHOR. Ninguém que dentre os homens for dedicado irremissivelmente ao SENHOR se poderá resgatar; será morto.” (Lv. 27:28-29)



“Porém, das cidades destas nações que o SENHOR, teu Deus, te dá em herança, não deixarás com vida tudo o que tem fôlego. Antes, como te ordenou o SENHOR, teu Deus, destruí-las-ás totalmente: os heteus, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os jebuseus, para que não vos ensinem a fazer segundo todas as suas abominações, que fizeram a seus deuses, pois pecaríeis contra o SENHOR, vosso Deus.” (Dt. 20:16-18)



“No sétimo dia, madrugaram ao subir da alva e, da mesma sorte, rodearam a cidade sete vezes; somente naquele dia rodearam a cidade sete vezes. E sucedeu que, na sétima vez, quando os sacerdotes tocavam as trombetas, disse Josué ao povo: Gritai, porque o SENHOR vos entregou a cidade! Porém a cidade será condenada, ela e tudo quanto nela houver; somente viverá Raabe, a prostituta, e todos os que estiverem com ela em casa, porquanto escondeu os mensageiros que enviamos. Tão-somente guardai-vos das coisas condenadas, para que, tendo-as vós condenado, não as tomeis; e assim torneis maldito o arraial de Israel e o confundais. Porém toda prata, e ouro, e utensílios de bronze e de ferro são consagrados ao SENHOR; irão para o seu tesouro. Gritou, pois, o povo, e os sacerdotes tocaram as trombetas. Tendo ouvido o povo o sonido da trombeta e levantado grande grito, ruíram as muralhas, e o povo subiu à cidade, cada qual em frente de si, e a tomaram. Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos.” (Js. 6:15-21)



O texto de I Samuel 15 e as passagens acima podem provocar muitas perguntas nos leitores cristãos atuais. (1) Em primeiro lugar, por que Deus ordena o extermínio de nações inteiras? (2) Por que o gado e até mesmo crianças inocentes devem ser destruídos? (3) Por que os amalequitas são particularmente indicados para serem exterminados? (4) Por que uma geração posterior de amalequitas é punida pelos pecados de uma geração anterior? (5) Por que o fato de Saul poupar um homem e umas poucas cabeças de gado é uma ofensa tão grave para Deus? Vamos tentar responder estas questões.



Primeiro, existem razões gerais para o extermínio de povos como os cananeus. Estes são os povos que possuem a terra prometida que Deus deu a Israel. A principal razão afirmada acima é que estes povos são extremamente maus. Se não forem totalmente destruídos, ensinarão aos israelitas suas práticas pecaminosas, colocando-os, dessa forma, debaixo da condenação divina. É fácil ver a razão pela qual todos os guerreiros do inimigo devam ser mortos; mas por que mulheres, crianças e o gado? O pecado que envolvia os Cananeus tinha contaminado e corrompido seus animais, e Deus não permitiria que qualquer um sobrevivesse.



Segundo, aqueles que Deus ordena que sejam aniquilados são aqueles que são culpados, para os quais a punição é uma justa retribuição. Mesmo que seus antepassados tenham pecado gravemente, as pessoas que Deus ordena que Saul destrua também são pecadores culpados, cujo destino é uma justa recompensa:

“Enviou-te o SENHOR a este caminho e disse: Vai, e destrói totalmente estes pecadores, os amalequitas, e peleja contra eles, até exterminá-los.” (I Sam. 15:18)

“Disse, porém, Samuel: Assim como a tua espada desfilhou mulheres, assim desfilhada ficará tua mãe entre as mulheres. E Samuel despedaçou a Agague perante o SENHOR, em Gilgal.” (I Sam. 15:33)

Os amalequitas são pecadores, merecedores da ira de Deus mediante Israel. Estes pecadores, os amalequitas, são aqueles que desfilharam mulheres e, dessa forma, é justo que experimentem o sofrimento e a crueldade que eles mesmos infligiram a seus inimigos.



Terceiro, somos lembrados de que Deus não tem prazer em punir o inocente:



“Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta? Ele respondeu: É razoável a minha ira até à morte. Tornou o SENHOR: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?” (Jn. 4:9-11)



Quarto, o extermínio dos amalequitas da época de Saul é a execução de uma ordem dada muitos anos antes e reiterada diversas vezes.



Êxodo 17:8-15

“Então, veio Amaleque e pelejou contra Israel em Refidim. Com isso, ordenou Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, e peleja contra Amaleque; amanhã, estarei eu no cimo do outeiro, e o bordão de Deus estará na minha mão. Fez Josué como Moisés lhe dissera e pelejou contra Amaleque; Moisés, porém, Arão e Hur subiram ao cimo do outeiro. Quando Moisés levantava a mão, Israel prevalecia; quando, porém, ele abaixava a mão, prevalecia Amaleque. Ora, as mãos de Moisés eram pesadas; por isso, tomaram uma pedra e a puseram por baixo dele, e ele nela se assentou; Arão e Hur sustentavam-lhe as mãos, um, de um lado, e o outro, do outro; assim lhe ficaram as mãos firmes até ao pôr-do-sol. E Josué desbaratou a Amaleque e a seu povo a fio de espada. Então, disse o SENHOR a Moisés: Escreve isto para memória num livro e repete-o a Josué; porque eu hei de riscar totalmente a memória de Amaleque de debaixo do céu. E Moisés edificou um altar e lhe chamou: O SENHOR É Minha Bandeira. E disse: Porquanto o SENHOR jurou, haverá guerra do SENHOR contra Amaleque de geração em geração.” (Ex. 17:8-16)



Números 24:20-25

“Viu Balaão a Amaleque, proferiu a sua palavra e disse: Amaleque é o primeiro das nações; porém o seu fim será destruição. Viu os queneus, proferiu a sua palavra e disse: Segura está a tua habitação, e puseste o teu ninho na penha. Todavia, o queneu será consumido. Até quando? Assur te levará cativo. Proferiu ainda a sua palavra e disse: Ai! Quem viverá, quando Deus fizer isto? Homens virão das costas de Quitim em suas naus; afligirão a Assur e a Héber; e também eles mesmos perecerão. Então, Balaão se levantou, e se foi, e voltou para a sua terra; e também Balaque se foi pelo seu caminho.” (Nm. 24:20-25)



Deuteronômio 25:17-19

“Lembra-te do que te fez Amaleque no caminho, quando saías do Egito; como te veio ao encontro no caminho e te atacou na retaguarda todos os desfalecidos que iam após ti, quando estavas abatido e afadigado; e não temeu a Deus. Quando, pois, o SENHOR, teu Deus, te houver dado sossego de todos os teus inimigos em redor, na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá por herança, para a possuíres, apagarás a memória de Amaleque de debaixo do céu; não te esqueças.” (Dt. 25:17-19)

Quando os israelitas partem do Egito e rumam para a terra prometida, eles são atacados pelos amalequitas, como descrito em Êxodo 17. Sabemos por Deuteronômio 25:18 que este ataque é covarde, pois eles atacam pelas costas, tomando de assalto os retardatários que estão cansados e abatidos. Deus dá a Israel a vitória sobre o exército amalequita, mas isto não extermina toda a nação. Deus dá ordens específicas às futuras gerações para que apaguem a memória deste povo, e sua ordem é registrada para a posteridade de Israel.



Em Números 24, há uma referência muito interessante a esta “maldição” que Deus impõe sobre os amalequitas. Balaque, o rei de Moabe, teme os israelitas e procura causar seu fim, contratando Balaão para amaldiçoá-los. Balaque deve ignorar a Aliança Abraâmica:



“Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn. 12:1-3)



Os amalequitas não abençoaram os israelitas, eles os amaldiçoaram, atacando-os no caminho. Por isso, Deus os amaldiçoa, como Se comprometera com Abraão e seus descendentes. Agora, Balaque procurar atrair Balaão para “amaldiçoar” Israel, o povo a quem Deus abençoou. Balaão, não só abençoa Israel, mas também reitera a maldição sobre os amalequitas, pronunciada anteriormente em Êxodo 17. Além de amaldiçoar os amalequitas, ele também abençoa os queneus, que mostraram misericórdia para com os israelitas (Nm. 24:21, v. I Sam. 15:6). A despeito de si mesmo, Balaão abençoa aqueles a quem Deus abençoa (incluindo aqueles que abençoam Israel), e ele deve amaldiçoar aqueles a quem Deus amaldiçoa (aqueles que amaldiçoam Israel).



Em Deuteronômio 24, a segunda geração de israelitas que está prestes a entrar na terra prometida é relembrada do dever de seus descendentes de destruir os amalequitas, tão logo a nação tenha se estabelecido e vencido as nações circunvizinhas. É interessante que este lembrete do dever de exterminar os amalequitas seja encontrado no contexto de ensino sobre justiça (ver 25:1-16). Por inferência, a aniquilação dos amalequitas é o cumprimento da justiça.



A pergunta que talvez permaneça é: “Mas, por que esta geração deve ser destruída, quando foi uma geração anterior que tratou com crueldade a Israel?” Já dissemos que a geração de amalequitas da época de Saul é má e merece a morte. Parece certo dizer que esta geração é ainda pior do que aquela que oprimiu Israel no deserto, como descrito em Êxodo 17. Julgo a destruição dos amalequitas à luz das palavras ditas por Deus a Abraão séculos antes:



“Ao pôr-do-sol, caiu profundo sono sobre Abrão, e grande pavor e cerradas trevas o acometeram; então, lhe foi dito: Sabe, com certeza, que a tua posteridade será peregrina em terra alheia, e será reduzida à escravidão, e será afligida por quatrocentos anos. Mas também eu julgarei a gente a que têm de sujeitar-se; e depois sairão com grandes riquezas. E tu irás para os teus pais em paz; serás sepultado em ditosa velhice. Na quarta geração, tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus.” (Gn. 15:12-16)



Deus diz a Abraão (aqui Abrão) que vai lhe dar a terra de Canaã, mas primeiro seus descendentes serão escravizados numa terra desconhecida durante 400 anos. Sabemos que esta terra é o Egito. Quando os 400 anos de cativeiro estiverem completos, Deus então lhes dará a terra de Canaã. A razão dada para esta demora é que “não se encheu ainda a medida da iniqüidade dos amorreus” (Gn. 15:16). Deus preferiu que o pecado deste povo amadurecesse, alcançasse sua maturidade completa, para então levá-los a julgamento. Quando Deus ordena a Saul que extermine os amalequitas, podemos presumir, com certeza, que seus pecados tenham amadurecido e tenha chegado o tempo de seu julgamento.

Além disso, podemos dizer que a demora no julgamento de Deus é também devido à Sua graça, pois, ao retardar seu julgamento, Deus dá tempo aos seus escolhidos para serem salvos de Sua ira:



“Que diremos, pois, se Deus, querendo mostrar a sua ira e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita longanimidade os vasos de ira, preparados para a perdição, a fim de que também desse a conhecer as riquezas da sua glória em vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão.” (Rm. 9:22-23)



“Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (II Pe. 3:9).




Fonte: bible.org de Bob Deffinbaugh

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