domingo, 10 de agosto de 2014

Gaio, o irmão Amado

Entendemos que foi o apóstolo João que escreveu a carta particular que encontramos em nossas Bíblias sob o título de 3 João. Provavelmente já com mais de 90 anos de idade, ele se chama de "presbítero", em outras palavras um dos supervisores  de sua igreja local. A carta foi dirigida a um irmão no Senhor e amigo pessoal de João que se chamava Gaio.

Paulo batizou um Gaio em Corinto (1 Coríntios 1:14) e se hospedou em sua casa, onde também se reunia a igreja, quando  escreveu a carta aos Romanos (16:23). Esse talvez foi o mesmo que acompanhou Paulo da Grécia para a Macedônia (Atos  20:4). João não esclarece se é o mesmo Gaio a quem dirigiu esta carta, mas é improvável pois parece incluir este entre  seus "filhos" (v.4), alguém que se convertera através dele e a quem havia ensinado.

Quatro vezes ele chama Gaio de amado. É uma expressão de carinho, usada pelo apóstolo Paulo também com relação a nove  pessoas de seu conhecimento em suas cartas, e uma vez por Pedro com relação a Paulo. Sempre revela grande apreço e  consideração pessoal para com a pessoa em questão, embora nada mais nos seja dito sobre elas em metade dos casos.

Evidentemente Gaio era muito estimado por João, e neste pequeno trecho da sua pequena carta (o menor livro do Novo  Testamento) as boas qualidades de Gaio são reveladas a nós de maneira clara e sucinta, para nos servirem de exemplo.

João diz que orava para que Gaio tivesse boa saúde: existem hoje aqueles que pregam falsamente que Cristo levou sobre a  cruz não somente os pecados, mas também as doenças dos que nele crêem. Assim sendo, o crente não poderia adoecer salvo se  cair em pecado. Se isso fosse verdade, João deveria estar orando para que Gaio não caísse em pecado, pois assim gozaria  sempre de boa saúde!

João também orava pedindo que tudo corresse bem para Gaio assim como ia bem a sua alma. É notável que a alma, ou vida  espiritual, de Gaio ia tão bem que João orava para que sua saúde e tudo o mais lhe corresse igualmente bem. Alguém já  comentou que a oração de João por Gaio lamentavelmente não pode ser sempre usada em favor de nossos amigos, pois se fosse  respondida eles ficariam doentes e teriam desastres tal é o mau estado de conservação das suas almas!

Cuidemos para sabiamente colocar a nossa vida espiritual, o nosso crescimento no conhecimento e a prática da Palavra de  Deus em primeiro lugar, acima da nossa saúde física e bem-estar material. A santificação é tão importante para a vida  espiritual do crente, quanto a saúde é para o seu corpo. A santificação consiste em crescer em graça e no conhecimento de  Cristo, não só melhorando nossa conduta mas aprendendo as doutrinas da nossa fé, que é a verdade.

João diz que ama Gaio na verdade, e que se alegrava muito quando ouvia notícias da fidelidade de Gaio e de como ele  continuava andando na verdade. A sua conduta era conforme a sua doutrina. É bom ter a sã doutrina em nós, e é melhor  ainda quando nossa conduta manifesta essa sã doutrina. Não devemos apenas nos apegar à verdade, mas devemos também  permitir que a verdade dirija a nossa vida. Uma vida piedosa e santa fala mais alto do que muitas pregações - o inverso  também é certo: uma pregação do Evangelho, por mais fiel que seja, é arruinada pelo mau testemunho do pregador. A verdade  não só deve ser dita, mas também vivida.

João considerava isso sumamente importante, pois diz que não tem maior alegria do que ouvir que seus filhos estão andando  na verdade. Às vezes pensamos que o que traz maior alegria a um servo de Deus é ver muitas conversões como fruto do seu  trabalho. Realmente todos nos alegramos com isto, e há alegria até no céu quando um pecador se arrepende e recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador.

Mas, como é extremamente decepcionante e triste ver alguém que fez profissão de fé voltar atrás e novamente mergulhar na  escuridão do mundo. Também é triste ver um que fica parado, sem ânimo para prosseguir avante no caminho cristão. Mas um  novo convertido que avidamente procura se instruir cada vez mais na Palavra de Deus e colocá-la em prática em sua vida é  motivo de grande alegria, a maior alegria como escreve João. Isto evidencia a importância de dar seguimento à conversão  das almas com um adequado ensino das Escrituras. O discipulado deve seguir após a conversão.

João elogia Gaio pela hospitalidade que tem dado aos pregadores e ensinadores itinerantes que passavam pela sua cidade,  mesmo sem os ter conhecido antes. Em sua carta anterior (2 João) ele havia prevenido contra receber falsos mestres, mas  nesta carta encontramos uma recomendação para receber bem os verdadeiros. Podemos ter sido decepcionados por más  experiências anteriores, mas isso não deve nos impedir de dar todo o nosso apoio aos verdadeiros pregadores e mestres da  Palavra.

A hospitalidade é muito importante aos olhos de Deus. O Senhor Jesus disse que a recepção dada a um dos seus pequeninos  irmãos é feita a Ele próprio (Mateus 25:40,45). Em Hebreus lemos que pela hospitalidade alguns hospedaram anjos sem o  saber, lembrando-nos o que aconteceu com Abraão (Gênesis 18).

Há recompensas também: os que foram beneficiados por Gaio falaram à igreja do seu amor, e este foi divulgado pelo mundo  todo através da história, pois está registrado na Palavra de Deus. O Senhor Jesus ensinou que "Quem recebe um profeta na  qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo" (Mateus 10:41). Os judeus consideravam os profetas como mais importantes do que o rei ou o sumo sacerdote, pois 
enquanto o rei governava em nome do Senhor e o sumo-sacerdote ministrava em nome do Senhor, o profeta vinha do Senhor  para instruir tanto o rei como o sumo-sacerdote. Segue-se que o galardão de profeta é o maior de todos, e a ele têm  direito os que recebem o profeta por causa do valor da sua função de profeta. Quem recebe um homem por ser ele um justo  (sem cuidar da sua aparência ou atratividade) terá a recompensa do justo: é como se estivesse recebendo ao próprio  Senhor.

Os irmãos hospedados tão cordialmente por Gaio haviam saído até ele por causa do nome de Cristo, sem receber ajuda alguma  dos gentios, que eram os incrédulos. Receber tal ajuda poderia sugerir que o Senhor era pobre demais para prover-lhes seu  sustento, ou mesmo dar aos incrédulos a falsa idéia que isso lhes angariaria algum favor da parte de Deus. Pode parecer  que ir sem ordenado ou qualquer remuneração, confiando apenas no Senhor Jesus, era um grande sacrifício para os obreiros,  mas os lares se abriam para eles.

Quando um irmão está fazendo o trabalho do Senhor, ele deve ser apoiado e sustentado em tudo pelos demais irmãos. Ao  fazermos isto nós nos tornamos cooperadores com ele em favor da verdade, a disseminação da Palavra de Deus.


R David Jones
Fonte: http://www.bible-facts.info/

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