Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou 95 teses na porta da igreja do Castelo, na cidade de Wittenberg na Alemanha. Nelas, manifestou sua insatisfação em relação a abusos e distorções que, segundo ele, desviavam do caminho proposto pela Sagrada Escritura. Manifestou-se especificamente contra a venda de indulgências, isto é, contra a comercialização do perdão. Entendia-se, segundo a teologia oficial, que o perdão dos pecados podia ser obtido mediante a satisfação de algumas obras e, pior, mediante pagamento pecuniário. A isso, Lutero opôs que a pessoa é justificada somente pela graça de Deus, mediante a fé; que norma da Igreja é somente a Sagrada Escritura. Daí dizer-se que o reformador defendia três “solas” (do latim sola – somente): sola gratia (somente pela graça), sola fide (somente pela fé) e sola Scriptura (somente a Escritura como norma da Igreja e da fé).
A partir desses conceitos básicos desenvolveu-se todo o programa de Reforma que não se limitou a uma reforma entre os muros da Igreja, mas teve conseqüências culturais, políticas, sociais e econômicas em toda a Europa que, depois, alastraram-se também pelo novo mundo.
As 95 Teses de Martinho Lutero
1. Nosso Mestre o Senhor Jesus Cristo, quando disse: "fazei penitência", quis afirmar que toda a vida dos crentes fosse de arrependimento.
2.Esta palavra não pode ser interpretada como penitência sacramental, isto é, a confissão e a satisfação que administram os sacerdotes.
3. Todavia, hão significa somente arrependimento interior; não, pois não há arrependimento interior que não se manifeste no exterior em diversas mortificações da carne.
4. A penalidade do pecado, por conseguinte, continua, enquanto durar o aborrecimento de si mesmo, porque este é o verdadeiro arrependimento interior, e coninua até nossa entrada no reino dos Céus.
5. Ao Papa não compete remir, nem pode remir outras penas que as que ele mesmo tem posto, seja por sua própria autoridade, ou pela autoridade dos cânones.
6. O Papa não pode remir nenhuma culpa, senão somente declarar que tem sido remida por Deus e afirmar a remissão se bem em casos reservados a seu critério. Se fosse menosprezado o seu direito a conceder remissão em tais casos, a culpa permaneceria inteiramente sem padrão.
7. Deus não redime a culpa daqueles que não se submetm humildemente ao sacerdote.
8. Os cânones penitenciais somente podem ser aplicados aos vivos e não aos mortos.
9. O Papa, pelo Espirito Santo, é benévolo, pois sempre faz exceções em seus decretos do artigo de morte e de necessidade.
10. Os sacerdotes que, no caso de morimbundos, reservam as penitências canônicas para o purgatório, são ignorantes é malvados.
11. Esta alteração de penitência canônica a do purgatório e uma cizânia semeada enquano os bispos dormiam.
12. Antigamente as penas canônicas eram colocadas antes da absolvição como prova de verdadeira contrição.
13. A morte liberta o morimbundo de toda penalidade crônica.
14. A saúde imperfeita da alma provoca necessariamente grande medo ao morimbundo.
15. Esse medo é sem si suficiente para construir as penas do purgatório.
16. O céu, purgatório e o inferno diferem entre si com diferem o desespero, o quase desespero e a segurança perfeia.
17. é necessário que se aumente o amor e se diminua o ódio para como as almas do purgatório.
18. Nem a razão, nem as Escrituras asseguram que elas estão fora do alcance do amor.
19. Tampouco está comprovado que elas conheçam sua bem aventurança, ainda que nos estejamos certos disso.
20. Por conseguinte, quando o Papa fala de "completa remissão de penas" não se refere a "todos", senão àquelas impostas por ele.
21. Os missionários de indulgências, portanto, se iludem quando dizem que pela indulgência do Papa o homem se liberta de todo o castigo e se salva.
22. Porque, por intermédio dela, não se redime as almas do purgatório de nenhuma pena que deveria pagar nesta vida.
23. Se fosse possível conceder a remissão de todas as penas, somente poderia conceder-se aos mais perfeitos, isto é, de um pequeno número.
24. Por conseguinte a maior parte do povo está enganada por esta indiscriminada e altissonante promessa de libertação de penas (pelos pregadores de indulgências).
25. O mesmo poder que o Papa tem sobre o purgatório em toda igreja, cada bispo o tem em particular na sua diocese e cada cura na sua própria paróquia.
26. O Papa faz bem quando concede remissão às almas (purgatório), não pelo poder das chaves, senão pela intercessão.
27. Eles pregam que no momento que a moeda tina no fundo do cofre sai do purgatório.
28. O que sucede quando tine a moeda é que a ganância e a avareza aumentam, mas o resultado da intercssão da igreja está no poder de Deus somente.
29. Quem sabe se todas as almas do purgatório querem sai dali como nas lendas de São Severino e São Paschoal?
30. Ninguém esta seguro de que sua própria contrição seja sincera; muito menos que tenha obtido plena remissão.
31. Tão raro quanto ao homem que é verdadeiramente penitente é aquele que verdadeiramente compra indulgências.
32. Aqueles que imaginam estar seguros de sua salvação pelas cartas de indulgências, serão condenados com os que assim ensinam.
33. Os homens devem guarda-se daqueles que dizem que o perdão do Papa é um dom inapreciável de Deus.
34. Porque "essas graças" somente dizem respeito ás penas sacramentais impostas pelo homem.
35. ensinam doutrinas anticristãs àquelas que pretendem que para livrar uma alma do purgatório, ou comprar uma indulgência, não é necessário nem dor nem arrependimeno.
36. Todo o cristão que sente verdadeiro arrependimento pelos seu pecados, tem direito a uma completa remissão do castigo e da culpa, sem que para isso necessite de indulgência.
37. Todo verdadeiro cristão morto ou vivo, participa de todos os bens de cristo ou da igreja, pela graça de Deus e sem bula de indulgência.
38. A remissão papal não deve ser desprezada, não obstante, porque, como se tem dito, é a declaração da remissão divina.
39. É dificílimo, ainda para os mais hábeis teólogos, recomendar ao povo ao mesmo tempo e abundância de indulgências e a necessidade de verdadeira contrição.
40. O verdadeiro arrependimento e a verdadeira dor buscam e amam o castigo; porém a begnidade de indulgência absolve do castigo e fez conceber aversão a ele.
41. Os perdões apostólicos (papais) devem ser pregados com cautela para que não se tomem como preferidos às boas do amor.
42. Convém ensinar aos cristões que o Papa não pensa e nem quer que se compare em nada o ato de comprar as indulgências a uma obra qualquer de misericórdia.
43. Convém ensinar aos cristões que aquele que dá aos pobres ou empresta sem interesse, obra melhor do que aquele que compra uma indulgência.
44. Efetivamente a obra de caridade faz aumentar a caridade e torna o homem mais piedoso; enquanto que a indulgência não se torna melhor, porem somente mais confiado em si mesmo, julgando-se do castigo.
45. Deve-se ensinar aos cristão que quem, ao invés de julgar a quem está necessitado, compra urna indulgência, não compra indulgência do Papa senão a indignação de Deus.
46. É preciso ensinar aos cristãos que, salvo tenha mais do que necessitem para eles e sua família, não devem desperdiçar em indulgências.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é questão de livre arbítrio.
48. É preciso ensinar aos cristãos que o Papa tendo mais necessidades de uma oração feita com fé do que com dinheiro, deseja mais orações do que de dinheiro quando distribui as indigências.
49. É preciso ensinar aos cristãos que a indulgência do Papa é boa se não depositarem nela a menor confiança; porém que não há nada mais prejudicial se ela faz perder o temor de Deus.
50. É preciso ensinar aos cristãos que, se o Papa conhece as exações dos pregadores de indulgências, prefereria que a metrópole de São Pedro fosse queimada e reduzuda as cinzas do que vê-la edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. É preciso ensinar aos cristãos que o Papa como é do seu dever, distribuiria, se necessário, seu próprio dinheiro entre as pessoas pobres, a quem os pregadores de indulgências tiram hoje até o último vintém, ainda que , para isso, tivessem de vender a basílica de São Pedro.
52. A esperança de ser salvos pelas indulgências é uma esperança vã e mentirosa, ainda que o. comissário das indulgências, ou mesmo o Papa, para confirmá-la, empenhasse a sua alma.
53. São inimigos de Cristo e do Papa os que suspendem a pregação da palavra de Deus nas igrejas para que possam pregar as indulgências.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se dá igual ou mais tempo às indulgências do que à Palavra de Deus.
55. O Papa não pode ter outtro pensamento senão este: "Se a indulgência, que é menor que o Evangelho, é anunciada com o repique de um sino e, com a pompa e cerimônia, muito mais deve-se solenizar o anúncio do evangelho, que é mais do que a indulgência, com repique de cem sinos, e com cem pompas e cem cerimônias".
56. Os "tesouros da igreja" dos quais o Papa concede indulgência, não são suficientemente mencionados ou conhecidos entre o povo.
57. Que não são tesouros temporais é evidente.
58. Tampouco são os méritos de Cristo e dos Santos, porque estes obram sem necessidade do Papa.
59. São Lourenço dizia que os tesouros da igreja eram os pobres da igreja mais falava com as palavras de sua época.
60. Sem audácia dizemos que as chaves da igreja, dadas, pelos méritos de Cristo, são esse tesouro.
61. Porque está claro que para a emissão das penalidades e dos casos reservados, basta o poder do Papa.
62. O verdadeiro tesouro da igreja é o santíssimo Evangelho da Graça e da Glória de Deus.
63. Mas esse tesouro é naturalmente odiado, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. O tesouro das indugências é mais aceitável naturalmente porque faz que os últimos sejam os primeiros.
65. Os tesouros da igreja são primeiramente destinados a pescar homens de riqueza.
66. Os tesouos das indugências são redes para pescar as riquezas dos homens.
67. As indulgências que os pregadores anuncam como "maiores graças" são na medida que aumentam os ganhos.
68. Contudo são na verdade as graças mais pequenas, comparadas com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas devem advertir os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.
70. Mas, ainda mais, obrigados estão a abrir os olhos e ouvidos, para que esses homens não pregem suas próprias fantasias em lugar da comissão do Papa.
71. Seja anátema todo aquele que falar contra as indulgências do Papa.
72. Porém seja bendito aquele que fala contra as palavras loucas e imprudentes dos pregadores das indulgências.
73. O Papa condena justamente os que, por qualquer arte, prejudicam o tráfico de indulgências.
74. Mas muito mais pretendo condenar aqueles que usam o pretexto das indulgências para prejudicar o amor e a verdade.
75. Pensar que as indulgências papais são tão grandes que possam absolver um homem que tenha cometido um pecado impossível e violado a mãe de Deus, é uma loucura.
76. Dizemos pelo contrário, que as indulgências papais não podem tirar o menor pecado venial, no que concerne a culpa.
77. Diz-se que o próprio S. Pedro, se fosse Papa agora, não poderia conceder maiores graças; isto é uma blasfémia contra S. Pedro e contra o Papa.
78. Afirmamos, pelo contrário, que qualquer Papa tem maiores graças a sua disposição; a saber o Evangelho, dons cura, (Como se diz em 1 Co 12)
79. dizer que a cruz gurnecida com as armas do Papa (que levantam os vendedores de indulgências), tem o mesmo poder que a cruz de Cristo, é uma blasfêmia.
80. Os bispos, os pastores e teólogos que consentem que se digam tais coisas ao povo, hão de dar conta disso a Deus.
81. Esta descarada pregação das indulgências faz com que seja difícil, mesmo para os sábios, defende bem a dignidade e a honra do Papa, contra as calúnias ou mesmo as perguntas sutis e astutas dos leigos.
82. Por exemplo: "Porque o Papa não esvazia o purgatório, por puro amor santo e pela espantosa necessidade das almas que ali estão, se redime a um número infinito de almas pelo miserável dinheiro que necessita para construir uma igreja?"
83. "Porque continuam as missas pelos mortos, e porque não devolvem ou permitem que sejam retiradas as dotações fundadas em benefícios dela, desde que é um erro rogar pelos remidos?"
84. "Qual é a nova piedade de Deus e do Papa, que por dinheiro permite que um ímpio, que é inimigo deles, tire purgatório a alma do melhor amigo de Deus, e não colocam, de preferência, em liberdade esta alma piedosa e amada por puro amor?"
85. "Porque os cânones penitenciais, que há tempo estão de fato abrojados e mortos pelo desuso, há de satisfazer e agora pela concessão de indulgências, como ainda se estivessem em vigor?"
86. "Porque o Papa, cuja riqueza é hoje o maior que a dos pobres, não constrói a igreja de S. Pedro com o seu próprio dinheiro, em lugar de fazê-lo com o dinheiro dos pobres crentes?"
87. "Que é que o Papa pode remir, e participação concede aquele que, por sua perfeita contrição, tem o direito a uma perfeita remissão e participação?"
88. "Que maior benção poderia receber a igreja e não aquela que o Papa fizesse cem vezes por dia o que agora faz uma vez, e concedesse a todos os crentes essas remissões e participações?"(A indulgência dava direito ao seu possuidor à absolvição uma vez na vida e em artigo de morte).
89. "Posto que o Papa, com suas indulgências busca a salvação das almas mais que o dinheiro, porque suspende as indulgências concedidas até o presente, se tem a mesma eficácia?" (Durante o tempo todo que se pregava a indulgência do jubileu - nos dias de Lutero - todas as demais indulgências estavam suspensas.)
90. Reprimir estes argumentos e escrúpulos dos leigos somente pela força, e não lhes da razões, é expor a igreja e o Papa a zombaria e seus inimigos e fazer desgraçados os cristãos.
91. Por conseguinte, se as indulgências se pregarem de acordo com a intenção do Papa, todas essas dúvidas se resolveriam facilmente; na realidade, não existiriam.
92. Oxalá pudéssemos livrar-nos de todos os pregadores que dizem a igreja de Cristo: Paz! e Não há paz.
93. Bem aventurados aqueles profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz, cruz" e Não há cruz! (porque a cruz que deixa de ser cruz tão logo diga gostosamente: "Bendita cruz, não há árvore como tu").
94. Deve-se exortar aos cristão para que sigam diligentemente a Cristo, mesmo através de penalidade, morte e inferno.
95. E a ter assim confiança de que hão de entrar no céu, antes através de dificuldades do que através da segurança da paz.
(Fonte: http://pastoradaocarvalho.blogspot.com.br)
A partir desses conceitos básicos desenvolveu-se todo o programa de Reforma que não se limitou a uma reforma entre os muros da Igreja, mas teve conseqüências culturais, políticas, sociais e econômicas em toda a Europa que, depois, alastraram-se também pelo novo mundo.
As 95 Teses de Martinho Lutero
1. Nosso Mestre o Senhor Jesus Cristo, quando disse: "fazei penitência", quis afirmar que toda a vida dos crentes fosse de arrependimento.
2.Esta palavra não pode ser interpretada como penitência sacramental, isto é, a confissão e a satisfação que administram os sacerdotes.
3. Todavia, hão significa somente arrependimento interior; não, pois não há arrependimento interior que não se manifeste no exterior em diversas mortificações da carne.
4. A penalidade do pecado, por conseguinte, continua, enquanto durar o aborrecimento de si mesmo, porque este é o verdadeiro arrependimento interior, e coninua até nossa entrada no reino dos Céus.
5. Ao Papa não compete remir, nem pode remir outras penas que as que ele mesmo tem posto, seja por sua própria autoridade, ou pela autoridade dos cânones.
6. O Papa não pode remir nenhuma culpa, senão somente declarar que tem sido remida por Deus e afirmar a remissão se bem em casos reservados a seu critério. Se fosse menosprezado o seu direito a conceder remissão em tais casos, a culpa permaneceria inteiramente sem padrão.
7. Deus não redime a culpa daqueles que não se submetm humildemente ao sacerdote.
8. Os cânones penitenciais somente podem ser aplicados aos vivos e não aos mortos.
9. O Papa, pelo Espirito Santo, é benévolo, pois sempre faz exceções em seus decretos do artigo de morte e de necessidade.
10. Os sacerdotes que, no caso de morimbundos, reservam as penitências canônicas para o purgatório, são ignorantes é malvados.
11. Esta alteração de penitência canônica a do purgatório e uma cizânia semeada enquano os bispos dormiam.
12. Antigamente as penas canônicas eram colocadas antes da absolvição como prova de verdadeira contrição.
13. A morte liberta o morimbundo de toda penalidade crônica.
14. A saúde imperfeita da alma provoca necessariamente grande medo ao morimbundo.
15. Esse medo é sem si suficiente para construir as penas do purgatório.
16. O céu, purgatório e o inferno diferem entre si com diferem o desespero, o quase desespero e a segurança perfeia.
17. é necessário que se aumente o amor e se diminua o ódio para como as almas do purgatório.
18. Nem a razão, nem as Escrituras asseguram que elas estão fora do alcance do amor.
19. Tampouco está comprovado que elas conheçam sua bem aventurança, ainda que nos estejamos certos disso.
20. Por conseguinte, quando o Papa fala de "completa remissão de penas" não se refere a "todos", senão àquelas impostas por ele.
21. Os missionários de indulgências, portanto, se iludem quando dizem que pela indulgência do Papa o homem se liberta de todo o castigo e se salva.
22. Porque, por intermédio dela, não se redime as almas do purgatório de nenhuma pena que deveria pagar nesta vida.
23. Se fosse possível conceder a remissão de todas as penas, somente poderia conceder-se aos mais perfeitos, isto é, de um pequeno número.
24. Por conseguinte a maior parte do povo está enganada por esta indiscriminada e altissonante promessa de libertação de penas (pelos pregadores de indulgências).
25. O mesmo poder que o Papa tem sobre o purgatório em toda igreja, cada bispo o tem em particular na sua diocese e cada cura na sua própria paróquia.
26. O Papa faz bem quando concede remissão às almas (purgatório), não pelo poder das chaves, senão pela intercessão.
27. Eles pregam que no momento que a moeda tina no fundo do cofre sai do purgatório.
28. O que sucede quando tine a moeda é que a ganância e a avareza aumentam, mas o resultado da intercssão da igreja está no poder de Deus somente.
29. Quem sabe se todas as almas do purgatório querem sai dali como nas lendas de São Severino e São Paschoal?
30. Ninguém esta seguro de que sua própria contrição seja sincera; muito menos que tenha obtido plena remissão.
31. Tão raro quanto ao homem que é verdadeiramente penitente é aquele que verdadeiramente compra indulgências.
32. Aqueles que imaginam estar seguros de sua salvação pelas cartas de indulgências, serão condenados com os que assim ensinam.
33. Os homens devem guarda-se daqueles que dizem que o perdão do Papa é um dom inapreciável de Deus.
34. Porque "essas graças" somente dizem respeito ás penas sacramentais impostas pelo homem.
35. ensinam doutrinas anticristãs àquelas que pretendem que para livrar uma alma do purgatório, ou comprar uma indulgência, não é necessário nem dor nem arrependimeno.
36. Todo o cristão que sente verdadeiro arrependimento pelos seu pecados, tem direito a uma completa remissão do castigo e da culpa, sem que para isso necessite de indulgência.
37. Todo verdadeiro cristão morto ou vivo, participa de todos os bens de cristo ou da igreja, pela graça de Deus e sem bula de indulgência.
38. A remissão papal não deve ser desprezada, não obstante, porque, como se tem dito, é a declaração da remissão divina.
39. É dificílimo, ainda para os mais hábeis teólogos, recomendar ao povo ao mesmo tempo e abundância de indulgências e a necessidade de verdadeira contrição.
40. O verdadeiro arrependimento e a verdadeira dor buscam e amam o castigo; porém a begnidade de indulgência absolve do castigo e fez conceber aversão a ele.
41. Os perdões apostólicos (papais) devem ser pregados com cautela para que não se tomem como preferidos às boas do amor.
42. Convém ensinar aos cristões que o Papa não pensa e nem quer que se compare em nada o ato de comprar as indulgências a uma obra qualquer de misericórdia.
43. Convém ensinar aos cristões que aquele que dá aos pobres ou empresta sem interesse, obra melhor do que aquele que compra uma indulgência.
44. Efetivamente a obra de caridade faz aumentar a caridade e torna o homem mais piedoso; enquanto que a indulgência não se torna melhor, porem somente mais confiado em si mesmo, julgando-se do castigo.
45. Deve-se ensinar aos cristão que quem, ao invés de julgar a quem está necessitado, compra urna indulgência, não compra indulgência do Papa senão a indignação de Deus.
46. É preciso ensinar aos cristãos que, salvo tenha mais do que necessitem para eles e sua família, não devem desperdiçar em indulgências.
47. Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é questão de livre arbítrio.
48. É preciso ensinar aos cristãos que o Papa tendo mais necessidades de uma oração feita com fé do que com dinheiro, deseja mais orações do que de dinheiro quando distribui as indigências.
49. É preciso ensinar aos cristãos que a indulgência do Papa é boa se não depositarem nela a menor confiança; porém que não há nada mais prejudicial se ela faz perder o temor de Deus.
50. É preciso ensinar aos cristãos que, se o Papa conhece as exações dos pregadores de indulgências, prefereria que a metrópole de São Pedro fosse queimada e reduzuda as cinzas do que vê-la edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.
51. É preciso ensinar aos cristãos que o Papa como é do seu dever, distribuiria, se necessário, seu próprio dinheiro entre as pessoas pobres, a quem os pregadores de indulgências tiram hoje até o último vintém, ainda que , para isso, tivessem de vender a basílica de São Pedro.
52. A esperança de ser salvos pelas indulgências é uma esperança vã e mentirosa, ainda que o. comissário das indulgências, ou mesmo o Papa, para confirmá-la, empenhasse a sua alma.
53. São inimigos de Cristo e do Papa os que suspendem a pregação da palavra de Deus nas igrejas para que possam pregar as indulgências.
54. Ofende-se a palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se dá igual ou mais tempo às indulgências do que à Palavra de Deus.
55. O Papa não pode ter outtro pensamento senão este: "Se a indulgência, que é menor que o Evangelho, é anunciada com o repique de um sino e, com a pompa e cerimônia, muito mais deve-se solenizar o anúncio do evangelho, que é mais do que a indulgência, com repique de cem sinos, e com cem pompas e cem cerimônias".
56. Os "tesouros da igreja" dos quais o Papa concede indulgência, não são suficientemente mencionados ou conhecidos entre o povo.
57. Que não são tesouros temporais é evidente.
58. Tampouco são os méritos de Cristo e dos Santos, porque estes obram sem necessidade do Papa.
59. São Lourenço dizia que os tesouros da igreja eram os pobres da igreja mais falava com as palavras de sua época.
60. Sem audácia dizemos que as chaves da igreja, dadas, pelos méritos de Cristo, são esse tesouro.
61. Porque está claro que para a emissão das penalidades e dos casos reservados, basta o poder do Papa.
62. O verdadeiro tesouro da igreja é o santíssimo Evangelho da Graça e da Glória de Deus.
63. Mas esse tesouro é naturalmente odiado, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.
64. O tesouro das indugências é mais aceitável naturalmente porque faz que os últimos sejam os primeiros.
65. Os tesouros da igreja são primeiramente destinados a pescar homens de riqueza.
66. Os tesouos das indugências são redes para pescar as riquezas dos homens.
67. As indulgências que os pregadores anuncam como "maiores graças" são na medida que aumentam os ganhos.
68. Contudo são na verdade as graças mais pequenas, comparadas com a graça de Deus e a piedade da cruz.
69. Os bispos e curas devem advertir os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência.
70. Mas, ainda mais, obrigados estão a abrir os olhos e ouvidos, para que esses homens não pregem suas próprias fantasias em lugar da comissão do Papa.
71. Seja anátema todo aquele que falar contra as indulgências do Papa.
72. Porém seja bendito aquele que fala contra as palavras loucas e imprudentes dos pregadores das indulgências.
73. O Papa condena justamente os que, por qualquer arte, prejudicam o tráfico de indulgências.
74. Mas muito mais pretendo condenar aqueles que usam o pretexto das indulgências para prejudicar o amor e a verdade.
75. Pensar que as indulgências papais são tão grandes que possam absolver um homem que tenha cometido um pecado impossível e violado a mãe de Deus, é uma loucura.
76. Dizemos pelo contrário, que as indulgências papais não podem tirar o menor pecado venial, no que concerne a culpa.
77. Diz-se que o próprio S. Pedro, se fosse Papa agora, não poderia conceder maiores graças; isto é uma blasfémia contra S. Pedro e contra o Papa.
78. Afirmamos, pelo contrário, que qualquer Papa tem maiores graças a sua disposição; a saber o Evangelho, dons cura, (Como se diz em 1 Co 12)
79. dizer que a cruz gurnecida com as armas do Papa (que levantam os vendedores de indulgências), tem o mesmo poder que a cruz de Cristo, é uma blasfêmia.
80. Os bispos, os pastores e teólogos que consentem que se digam tais coisas ao povo, hão de dar conta disso a Deus.
81. Esta descarada pregação das indulgências faz com que seja difícil, mesmo para os sábios, defende bem a dignidade e a honra do Papa, contra as calúnias ou mesmo as perguntas sutis e astutas dos leigos.
82. Por exemplo: "Porque o Papa não esvazia o purgatório, por puro amor santo e pela espantosa necessidade das almas que ali estão, se redime a um número infinito de almas pelo miserável dinheiro que necessita para construir uma igreja?"
83. "Porque continuam as missas pelos mortos, e porque não devolvem ou permitem que sejam retiradas as dotações fundadas em benefícios dela, desde que é um erro rogar pelos remidos?"
84. "Qual é a nova piedade de Deus e do Papa, que por dinheiro permite que um ímpio, que é inimigo deles, tire purgatório a alma do melhor amigo de Deus, e não colocam, de preferência, em liberdade esta alma piedosa e amada por puro amor?"
85. "Porque os cânones penitenciais, que há tempo estão de fato abrojados e mortos pelo desuso, há de satisfazer e agora pela concessão de indulgências, como ainda se estivessem em vigor?"
86. "Porque o Papa, cuja riqueza é hoje o maior que a dos pobres, não constrói a igreja de S. Pedro com o seu próprio dinheiro, em lugar de fazê-lo com o dinheiro dos pobres crentes?"
87. "Que é que o Papa pode remir, e participação concede aquele que, por sua perfeita contrição, tem o direito a uma perfeita remissão e participação?"
88. "Que maior benção poderia receber a igreja e não aquela que o Papa fizesse cem vezes por dia o que agora faz uma vez, e concedesse a todos os crentes essas remissões e participações?"(A indulgência dava direito ao seu possuidor à absolvição uma vez na vida e em artigo de morte).
89. "Posto que o Papa, com suas indulgências busca a salvação das almas mais que o dinheiro, porque suspende as indulgências concedidas até o presente, se tem a mesma eficácia?" (Durante o tempo todo que se pregava a indulgência do jubileu - nos dias de Lutero - todas as demais indulgências estavam suspensas.)
90. Reprimir estes argumentos e escrúpulos dos leigos somente pela força, e não lhes da razões, é expor a igreja e o Papa a zombaria e seus inimigos e fazer desgraçados os cristãos.
91. Por conseguinte, se as indulgências se pregarem de acordo com a intenção do Papa, todas essas dúvidas se resolveriam facilmente; na realidade, não existiriam.
92. Oxalá pudéssemos livrar-nos de todos os pregadores que dizem a igreja de Cristo: Paz! e Não há paz.
93. Bem aventurados aqueles profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz, cruz" e Não há cruz! (porque a cruz que deixa de ser cruz tão logo diga gostosamente: "Bendita cruz, não há árvore como tu").
94. Deve-se exortar aos cristão para que sigam diligentemente a Cristo, mesmo através de penalidade, morte e inferno.
95. E a ter assim confiança de que hão de entrar no céu, antes através de dificuldades do que através da segurança da paz.
(Fonte: http://pastoradaocarvalho.blogspot.com.br)
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