Judas 9 e 14 são as passagens que suscitam essa pergunta. O versículo 9 refere-se a uma controvérsia entre o arcanjo Miguel e o Diabo com respeito ao local onde se depositou o corpo de Moisés, que morrera no monte Pisga: “Contudo, nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: ‘O Senhor o repreenda!’ ”. Esse registro não se encontra no AT, mas julga-se ter sido incluído em um tratado cristão (que se perdeu) intitulado “A Assunção de Moisés” (cf. Buttrick, Interpreter’s dictionary, 3:450), pelo menos de acordo com Orígenes (De principiis, 3.2.1).
Seria uma falácia da lógica argumentar, no entanto, que um escritor bíblico inspirado, como Judas, estivesse estritamente limitado ao conteúdo do AT canônico para colher informações válidas do passado. Estêvão (At 7) e o Senhor Jesus (Mt 23) fazem referências a episódios históricos não registrados no AT. Aparentemente havia uma boa quantidade de tradições orais disponíveis aos crentes do período neotestamentário. E sob a orientação do Espírito Santo, estavam perfeitamente habilitados a relatar tais ocorrências em conexão com seu ministério do ensino. Devemos deduzir dessa passagem que se travava uma terrível guerra espiritual entre os representantes do céu e os do inferno, a respeito do corpo de Moisés.
A mesma observação é pertinente a Judas 14, quanto à citação do patriarca antediluviano Enoque. Nesse caso, a obra pseudepigráfica foi preservada, na qual se encontra essa citação (todavia, o livro de Enoque não existe em uma tradução tão antiga quanto a época de Judas). Enoque é citado, e teria dito o seguinte: “Eis que veio [provavelmente o aoristo grego ¯elthen representa um perfeito profético no hebraico ou aramaico, de modo que pode ser traduzido como futuro: ‘virá’] o Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele”.
Temos aqui um exemplo notável de pronunciamento profético poderoso que chega a nós vindo antes dos tempos de Noé. O simples fato de que Gênesis não traz essa declaração feita por Enoque não serve de evidência de que o patriarca não a tenha pronunciado. Isso de modo algum demonstra que tudo no livro de Enoque é exato, historicamente, nem que seja válido teologicamente. Grande parte do livro de Enoque pode ser ficção. Todavia, não existe base sólida para que se condene tudo que ali está escrito como sendo falso, só porque o livro é considerado expúrio. Até mesmo um texto pagão poderia conter itens verdadeiros, como o comprova Paulo quando citou a obra de Arato, Phaenomena 5 aos seus ouvintes atenienses (At 17.28).
(Extraído do livro Enciclopédia de temas bíblicos)
Seria uma falácia da lógica argumentar, no entanto, que um escritor bíblico inspirado, como Judas, estivesse estritamente limitado ao conteúdo do AT canônico para colher informações válidas do passado. Estêvão (At 7) e o Senhor Jesus (Mt 23) fazem referências a episódios históricos não registrados no AT. Aparentemente havia uma boa quantidade de tradições orais disponíveis aos crentes do período neotestamentário. E sob a orientação do Espírito Santo, estavam perfeitamente habilitados a relatar tais ocorrências em conexão com seu ministério do ensino. Devemos deduzir dessa passagem que se travava uma terrível guerra espiritual entre os representantes do céu e os do inferno, a respeito do corpo de Moisés.
A mesma observação é pertinente a Judas 14, quanto à citação do patriarca antediluviano Enoque. Nesse caso, a obra pseudepigráfica foi preservada, na qual se encontra essa citação (todavia, o livro de Enoque não existe em uma tradução tão antiga quanto a época de Judas). Enoque é citado, e teria dito o seguinte: “Eis que veio [provavelmente o aoristo grego ¯elthen representa um perfeito profético no hebraico ou aramaico, de modo que pode ser traduzido como futuro: ‘virá’] o Senhor entre suas santas miríades, para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios, acerca de todas as obras ímpias que impiamente praticaram e acerca de todas as palavras insolentes que ímpios pecadores proferiram contra ele”.
Temos aqui um exemplo notável de pronunciamento profético poderoso que chega a nós vindo antes dos tempos de Noé. O simples fato de que Gênesis não traz essa declaração feita por Enoque não serve de evidência de que o patriarca não a tenha pronunciado. Isso de modo algum demonstra que tudo no livro de Enoque é exato, historicamente, nem que seja válido teologicamente. Grande parte do livro de Enoque pode ser ficção. Todavia, não existe base sólida para que se condene tudo que ali está escrito como sendo falso, só porque o livro é considerado expúrio. Até mesmo um texto pagão poderia conter itens verdadeiros, como o comprova Paulo quando citou a obra de Arato, Phaenomena 5 aos seus ouvintes atenienses (At 17.28).
(Extraído do livro Enciclopédia de temas bíblicos)
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