“E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto”. (Mt. 11:12, ARA)†

Sobre que tipo de violência e força lemos aqui? Isso significa que um crente deveria fazer algum esforço para entrar no reino de Deus? E como isso se ajusta com a salvação pela fé somente, através da graça somente?

A figura que Jesus usa no texto citado acima é muito poderosa. Ele está falando nesse discurso de João o Batista, seu precursor. João ocupou um lugar único na nobre companhia dos profetas. Ele foi o último dos profetas do Antigo Testamento e situou-se nos dois testamentos. Ele estava, por assim dizer, com um pé na antiga dispensação e outro na nova. Esse lugar único de João é a razão do Senhor dizer que João foi o maior de todos os profetas, sendo todavia o menor no reino dos céus maior do que ele (v. 11). Essa declaração lhe dará certa idéia da vasta diferença que aconteceu entre os dois testamentos quando o Espírito do Cristo assunto [ao céu] foi derramado em Pentecoste.

A despeito do fato de João situar-se nas duas dispensações, ele morreu na antiga dispensação e não viu o amanhecer do novo dia começar em Pentecoste. Assim, seu status na revelação histórica do propósito de Deus é inferior àquele do “menor no reino dos céus”.

Talvez para entender este lugar único que João ocupou, possamos usar a figura do reino dos céus como um palácio magnificente. Na antiga dispensação os santos podiam ver a porta para o palácio, mas não podiam passar por ela. Ela estava fechada porque Cristo, que é a “porta” (João 10:9), não tinha vindo ainda.

Contudo, nessa porta havia muitas figuras belas do reino. Essas figuras eram os tipos da antiga dispensação: os sacrifícios, o dilúvio, a libertação do Egito, a herança de Canaã, etc. Elas eram belas figuras, e os santos do Antigo Testamento podiam aprender um pouco sobre o outro lado da porta olhando para as figuras. Mas não podiam entrar!
Agora pense em João como aquele que está na frente da porta. Ao realizar o seu ministério quando apontou para Cristo como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29, 36), João, por assim dizer, abriu a fenda da porta. Isso capacitou os santos no que ainda era o Antigo Testamento a ver um pouco do que estava por detrás da porta. Quando viram o que estava detrás da porta, eles ficaram tão impressionados, tão estimulados, tão excitados, que, podemos dizer, atacaram a porta em sua ansiedade para entrar. Eles não podiam esperar. Tomaram o reino por violência e força. Eles não voltariam atrás.

Essa, repito, é uma figura poderosa da atração que o reino dos céus tem para os crentes. Considere que o grande fardo dos santos do Antigo Testamento era o seu pecado (cf. Mt. 11:28). Aqueles cansados e sobrecarregados são os que tinham tentado encontrar perdão do pecado e salvação nas obras da lei, mas que encontraram somente futilidade em todo o seu labor, e para quem a lei se tornou um fardo impossível de suportar. Quão pungente então as palavras do nosso Senhor: “Vinde a mim…” (v. 28). No reino havia completo perdão e o esplendor e glória da salvação. Após todos esses anos de sofrimento duro e ansioso, João abriu a fenda da porta quando apontou Cristo como a porta. Os santos não podiam ser detidos. Eles atacaram a porta. Ainda o fazem. Você e eu. Não podemos mais suportar o fardo do pecado. Corremos para Cristo. Ninguém pode nos manter longe. O desejo de todo o nosso coração é ser encontrado nele!

Observe, contudo, que usei consistentemente a palavra “santos” para descrever aqueles que atacam a porta do reino. Essa palavra específica é a chave para a resposta à nossa segunda pergunta: “Isso significa que um crente deveria fazer algum esforço para entrar no reino?”.

Tomada ao pé da letra, a resposta a essa pergunta é: “Sim! Sim, sem dúvida”. Jesus diz isso em muitos lugares. Devemos entrar pela porta estreita. Isso é algo que fazemos. Devemos negar a nós mesmos e tomar a nossa cruz se quisermos ser discípulos de Jesus. Nós fazemos isso. Devemos nos tornar como crianças para entrar no reino. Esse é o nosso chamado e obrigação. Os santos não são e não podem ser antinomianos, que alegam que não precisam nada senão sentar com os braços cruzados em suas cadeiras de balanço, e deixar Deus fazer tudo. Tornamo-nos um povo negligente e profano porque cremos que a salvação é pela graça somente? Não! Que tipo de santo é esse (Rm. 6:1ss.)? Que ninguém diga que a fé Reformada ensina tal coisa!

Somente os santos viram através da fenda na porta e somente eles capturaram um vislumbre das riquezas do outro lado. Somente os santos atacaram (e ainda atacam) a porta. E, não se esqueça, os santos são aqueles que já estão no reino: pelo poder da promessa de Deus na antiga dispensação e pelo Espírito de Cristo na nova dispensação. Porque são santos, eles foram lavados no sangue de Cristo, o governador soberano desse reino, que imputa a todos os seus a justiça que adquiriu na cruz.

Mas eles são santos que pecam, ou pecadores santificados. E assim, eles (eu e você) devem correr diariamente para Cristo como um refúgio para o fardo e cansaço dos nossos pecados. Corremos para Cristo, a porta; vemos a bem-aventurança gloriosa do reino dos céus; atacamos a porta (com petições ansiosas por perdão no sangue de Cristo e para obter a bem-aventurança que é encontrada nesse reino). Tomamos o reino por força.

Até mesmo o ataque do reino pelos santos é mediante o poder de estar nesse reino, pois é Deus quem opera em nós tanto o querer como o realizar a sua boa vontade (Fp. 2:12-13). As atividades nas quais o crente se engaja, capacitado pela graça, são suas ações, ações pelas quais ele é até mesmo recompensado. Que ninguém diga que não precisa fazer algo. O mandamento do evangelho ao povo de Deus é: “Sejam o que Deus fez de vocês!”. Ataquem a porta e tomem o reino por violência! E atravessem a porta, que é Cristo!



Prof. Herman Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto*
Fonte: Covenant Reformed News, November 2007, Volume XI, Issue 19 (http://www.cprf.co.uk/)

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