Hawking trabalha com uma visão bastante limitada e extra-bíblica quando se trata de “ir para o céu”. É claro que, se fosse confrontado com as duas visões totalmente cristãs do que acontece depois da morte – primeiro, um tempo “com Cristo” no “céu” ou “paraíso”, e então, quando Deus renovar toda a criação, a ressurreição corporal – sem dúvida ele iria repudiá-las como inacreditáveis. Porém, duvido que ele tenha parado para observar de forma honesta, com seu super-intelecto, a evidência de Jesus e da ressurreição. Eu duvido – a maioria das pessoas não faz isso. Até que ele o faça, sua opinião sobre esse assunto vale o mesmo que a minha sobre física nuclear, ou seja, não muito.
Sobre a criação se autoformando: pergunto-me se ele percebe que está simplesmente repetindo uma versão do antigo epicurismo. Isto é, os deuses estão fora de cena, totalmente distantes; assim, o mundo/seres humanos/etc., precisa andar com suas próprias pernas. Dificilmente se trata de uma “conclusão” de seu estudo das evidências; é simplesmente uma conhecida cosmovisão compartilhada por muitos ocidentais pós-iluministas. É a cosmovisão que permite que a democracia secular se considere absoluta, independente de suas numerosas e óbvias falhas atuais. O frustrante é que Hawking parece não perceber isso e nem mesmo para para pensar que podem existir críticas bastante elaboradas ao epicurismo, antigo e moderno, as quais ele deveria examinar. Principalmente a cristã, que novamente focaliza Jesus.
É claro que o antigo contexto em que se trava o debate “ciência e religião” foi profundamente influenciado pela mesma cosmovisão, e precisa de reparos. De fato, os cristãos antigos se chocariam ao ver sua cosmovisão rotulada como “religião”. Era uma filosofia, uma política, uma cultura, uma vocação… a categoria “religião” é parte do problema, não da solução.
N. T. Wright
Fonte: http://arminianismo.com/
Tradução: Paula Mendes
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