"Sacrifícios e ofertas tu não quiseste, mas um corpo tu tens preparado para mim; em todos os holocaustos e sacrifícios pelo pecado tu não tens tido prazer. Então eu disse: Eis que me agrada fazer a tua vontade, ó Deus (no rolo do livro está escrito a meu respeito)" [Traduzido da Septuaginta*] (Salmo 40.6-8 – 1000 a.C.).
"Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados" (Hebreus 10.10-14).
Neste artigo, você terá que usar toda a sua capacidade intelectual, porque os argumentos e a lógica que esses estudiosos do Velho e do Novo Testamentos usam para apresentar o Messias como uma pessoa divina que se revestiu de um corpo humano, em certo ponto da História, são tão profundos e tão fascinantes que você não desejará perder qualquer nuance de seu significado.
Deus se Torna "Carne"
Para muitos adoradores dedicados do Deus Jeová, é a própria essência da blasfêmia dizer que houve uma época em que Ele se revestiu de um corpo humano e viveu aqui na terra como homem por um período de tempo. No entanto, existem profecias específicas no Velho Testamento que indicam que muitas coisas aconteceriam quando o Messias viesse à terra.
O Salmo 40 é uma dessas passagens proféticas as quais aludem à encarnação, dizendo que Deus não tem alegria real em holocaustos e sacrifícios, mesmo que eles tenham sido os meios ordenados por Ele para tratar com o pecado e suas conseqüências na época do Velho Testamento. O salmista predisse que haveria uma época quando Deus não exigiria mais sacrifícios. Haveria uma época quando Deus prepararia um corpo para o Seu Prometido que haveria de vir e fazer a vontade de Deus na terra. Já temos visto através de muitas profecias que Aquele que haveria de vir não é ninguém, senão o próprio divino Messias de Israel.
Uma interpretação judaica muito antiga no Midrash sobre a genealogia do Messias faz uma referência ao Salmo 40, e diz que o próprio Messias está falando através do salmista. O escritor da epístola aos Hebreus cita da Septuaginta grega o texto do Salmo 40.6-8, e o usa como base para o clímax do seu argumento a fim de convencer os seguidores hebreus de Jesus de que a Sua morte sacrificial cumpriu e, portanto, anulou o sistema mosaico de sacrifícios de animais.
Nenhum Sacrifício É Necessário Agora
É impossível para nós, hoje em dia, percebermos o impacto total causado por uma afirmação como essa sobre pessoas cujas vidas se desenvolviam em torno do sistema de sacrifícios de animais e do perdão temporário de pecados que por eles obtinham. A fim de crerem nessa verdade de que os sacrifícios de animais não precisavam mais ser oferecidos, o escritor de Hebreus tinha que lhes apresentar uma prova muito convincente de que isso era de fato assim, partindo da própria Escritura que eles conheciam.
Um dos principais argumentos que ele usa é o Salmo profético de número 40, o qual está centralizado no fato de que Deus prepararia um corpo para Aquele que viria para fazer a vontade de Deus. Como já era de se esperar, existe uma disputa acirrada sobre a frase do Salmo 40 que diz: "...um corpo tu tens preparado para mim." No texto hebraico oficial, o masorético, esse texto diz outra coisa: "Tu abriste meus ouvidos". No entanto, a Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento (250 a.C.), traduz a frase como "um corpo tu tens preparado para mim."
A melhor evidência disponível indica que ambas as traduções são bem antigas e genuínas. Então, por que há diferenças entre elas?
A melhor explicação é que os homens que traduziram o Velho Testamento hebraico para a Septuaginta grega, por volta de 200 a.C., parafrasearam o significado dessa porção do Salmo 40. Esse tipo de paráfrase é conhecida como targumizar, e era uma prática comum de tradução de escritos bíblicos. A paráfrase não nega o significado das palavras originais; ela apenas coloca o sentido do texto em expressões idiomáticas ou conceitos que são mais familiares à audiência da época.
Esse é o caso da frase "abrir ou perfurar as orelhas de alguém". A frase está relacionada com a submissão completa e voluntária de alguém a outra pessoa. A idéia é expressa esplendidamente em Êxodo 21.2-6, onde se discute o caso de um escravo que ama seu mestre e se voluntaria para ser seu escravo durante toda a vida. Moisés instrui o mestre a perfurar a orelha do escravo com um objeto pontiagudo, de tal forma que isso permaneça como um sinal de que ele voluntariamente decidiu servi-lo durante toda a vida.
Assim, o perfurar ou traspassar de uma orelha era um sinal e um símbolo da apresentação voluntária de si mesmo como escravo eterno. Essa idéia foi interpretada e parafraseada na Septuaginta pelos estudiosos do hebraico como "preparaste um corpo para mim", porque essa era a idéia grega que correspondia a total submissão, e com tal expressão os leitores gregos da Septuaginta estariam bem mais familiarizados.
O Sacrifício Que Satisfez
Se o Messias deveria vir e habitar em um corpo especial que Deus havia preparado para Ele, qual seria o propósito de tal feito?
Existem muitas facetas conectadas à resposta dessa pergunta. No entanto, o objetivo primário da encarnação era que Deus pudesse colocar sobre Ele, um homem sem pecado, os pecados de toda a humanidade. Então, o corpo desse homem especial, separado por Deus como cumprimento do cordeiro sacrificial, poderia sofrer a penalidade do pecado que é a morte, de tal maneira que Deus poderia aceitar Sua morte como substitutiva de cada homem que cresse em sua eficácia a seu favor.
Isso é o que Isaías tinha em mente quando profetizou que "o Senhor fez cair sobre ele (o Messias) a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6). Isso também é o cerne de tudo o que os escritores do Novo Testamento ensinaram sobre o papel de Jesus como "o Cordeiro de Deus". Pedro escreveu: "...sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos por amor de vós..." (1 Pe 1.18-20).
Sacrifícios Inerentes ao Judaísmo
O conceito de um substituto sacrificial pelos pecados de outro estava inerente ao judaísmo antigo, ainda que não seja predominante no judaísmo de hoje. Os antigos expositores rabínicos podiam claramente entender a mensagem do Salmo 40, de que holocaustos e sacrifícios de animais não eram o plano desejado e final de Deus em Suas tratativas com os pecados do homem.
O escritor do livro de Hebreus, um homem totalmente imerso em todos os ensinos do judaísmo, realmente mostrou que os sacrifícios de animais da lei mosaica eram inadequados:
"Ora, visto que a lei (de Moisés) tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das cousas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente eles oferecem. Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hb 10.1-4).
A lógica aqui é irrefutável. Se os sacrifícios de animais realmente pudessem perdoar pecados, as pessoas não teriam necessidade de serem continuamente relembradas de que seus pecados eram somente temporariamente cobertos pelos sacrifícios de animais. Era necessário haver um sacrifício que não somente cobrisse o pecado, mas que o destruísse, de uma vez para sempre, deixando de ser uma barreira entre o homem e Deus.
Os Bens Vindouros
Quando o escritor de Hebreus disse que a lei era somente uma sombra dos "bens vindouros" e não a sua realidade, ele estava pensando na solução permanente que Deus havia planejado, a de trazer Seu Cordeiro-Messias a este mundo, e, de uma vez por todas, julgar o pecado no Seu sacrifício substitutivo. O plano de Deus era acabar com todo o sistema de sacrifícios e de satisfação diária de Sua justiça ofendida pelo homem; e, ao fazê-lo, acabar também com a necessidade da lei externa e ritualística de Moisés.
Já que o Messias de Deus, Jesus, cumpriu o Seu papel como Aquele que leva o pecado do mundo, Deus agora está livre para perdoar os pecados dos homens puramente na base da fé deles nesse sacrifício permanente. Ele pode agora escrever as Suas leis divinas nos corações dos homens; Ele pode vir e viver dentro deles na pessoa do Seu Santo Espírito, e assim capacitar os homens a obedecerem às Suas leis motivados pelo amor e pela gratidão.
Jesus, o Messias, era "o bem" vindouro. Como o salmista disse a respeito dEle: "Oh! provai, e vede que o Senhor é bom" (Sl 34.8).
(Hal Lindsey - http://www.ajesus.com.br)
"Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta dia após dia a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. Porque com uma única oferta aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados" (Hebreus 10.10-14).
Neste artigo, você terá que usar toda a sua capacidade intelectual, porque os argumentos e a lógica que esses estudiosos do Velho e do Novo Testamentos usam para apresentar o Messias como uma pessoa divina que se revestiu de um corpo humano, em certo ponto da História, são tão profundos e tão fascinantes que você não desejará perder qualquer nuance de seu significado.
Deus se Torna "Carne"
Para muitos adoradores dedicados do Deus Jeová, é a própria essência da blasfêmia dizer que houve uma época em que Ele se revestiu de um corpo humano e viveu aqui na terra como homem por um período de tempo. No entanto, existem profecias específicas no Velho Testamento que indicam que muitas coisas aconteceriam quando o Messias viesse à terra.
O Salmo 40 é uma dessas passagens proféticas as quais aludem à encarnação, dizendo que Deus não tem alegria real em holocaustos e sacrifícios, mesmo que eles tenham sido os meios ordenados por Ele para tratar com o pecado e suas conseqüências na época do Velho Testamento. O salmista predisse que haveria uma época quando Deus não exigiria mais sacrifícios. Haveria uma época quando Deus prepararia um corpo para o Seu Prometido que haveria de vir e fazer a vontade de Deus na terra. Já temos visto através de muitas profecias que Aquele que haveria de vir não é ninguém, senão o próprio divino Messias de Israel.
Uma interpretação judaica muito antiga no Midrash sobre a genealogia do Messias faz uma referência ao Salmo 40, e diz que o próprio Messias está falando através do salmista. O escritor da epístola aos Hebreus cita da Septuaginta grega o texto do Salmo 40.6-8, e o usa como base para o clímax do seu argumento a fim de convencer os seguidores hebreus de Jesus de que a Sua morte sacrificial cumpriu e, portanto, anulou o sistema mosaico de sacrifícios de animais.
Nenhum Sacrifício É Necessário Agora
É impossível para nós, hoje em dia, percebermos o impacto total causado por uma afirmação como essa sobre pessoas cujas vidas se desenvolviam em torno do sistema de sacrifícios de animais e do perdão temporário de pecados que por eles obtinham. A fim de crerem nessa verdade de que os sacrifícios de animais não precisavam mais ser oferecidos, o escritor de Hebreus tinha que lhes apresentar uma prova muito convincente de que isso era de fato assim, partindo da própria Escritura que eles conheciam.
Um dos principais argumentos que ele usa é o Salmo profético de número 40, o qual está centralizado no fato de que Deus prepararia um corpo para Aquele que viria para fazer a vontade de Deus. Como já era de se esperar, existe uma disputa acirrada sobre a frase do Salmo 40 que diz: "...um corpo tu tens preparado para mim." No texto hebraico oficial, o masorético, esse texto diz outra coisa: "Tu abriste meus ouvidos". No entanto, a Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento (250 a.C.), traduz a frase como "um corpo tu tens preparado para mim."
A melhor evidência disponível indica que ambas as traduções são bem antigas e genuínas. Então, por que há diferenças entre elas?
A melhor explicação é que os homens que traduziram o Velho Testamento hebraico para a Septuaginta grega, por volta de 200 a.C., parafrasearam o significado dessa porção do Salmo 40. Esse tipo de paráfrase é conhecida como targumizar, e era uma prática comum de tradução de escritos bíblicos. A paráfrase não nega o significado das palavras originais; ela apenas coloca o sentido do texto em expressões idiomáticas ou conceitos que são mais familiares à audiência da época.
Esse é o caso da frase "abrir ou perfurar as orelhas de alguém". A frase está relacionada com a submissão completa e voluntária de alguém a outra pessoa. A idéia é expressa esplendidamente em Êxodo 21.2-6, onde se discute o caso de um escravo que ama seu mestre e se voluntaria para ser seu escravo durante toda a vida. Moisés instrui o mestre a perfurar a orelha do escravo com um objeto pontiagudo, de tal forma que isso permaneça como um sinal de que ele voluntariamente decidiu servi-lo durante toda a vida.
Assim, o perfurar ou traspassar de uma orelha era um sinal e um símbolo da apresentação voluntária de si mesmo como escravo eterno. Essa idéia foi interpretada e parafraseada na Septuaginta pelos estudiosos do hebraico como "preparaste um corpo para mim", porque essa era a idéia grega que correspondia a total submissão, e com tal expressão os leitores gregos da Septuaginta estariam bem mais familiarizados.
O Sacrifício Que Satisfez
Se o Messias deveria vir e habitar em um corpo especial que Deus havia preparado para Ele, qual seria o propósito de tal feito?
Existem muitas facetas conectadas à resposta dessa pergunta. No entanto, o objetivo primário da encarnação era que Deus pudesse colocar sobre Ele, um homem sem pecado, os pecados de toda a humanidade. Então, o corpo desse homem especial, separado por Deus como cumprimento do cordeiro sacrificial, poderia sofrer a penalidade do pecado que é a morte, de tal maneira que Deus poderia aceitar Sua morte como substitutiva de cada homem que cresse em sua eficácia a seu favor.
Isso é o que Isaías tinha em mente quando profetizou que "o Senhor fez cair sobre ele (o Messias) a iniqüidade de nós todos" (Is 53.6). Isso também é o cerne de tudo o que os escritores do Novo Testamento ensinaram sobre o papel de Jesus como "o Cordeiro de Deus". Pedro escreveu: "...sabendo que não foi mediante cousas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos por amor de vós..." (1 Pe 1.18-20).
Sacrifícios Inerentes ao Judaísmo
O conceito de um substituto sacrificial pelos pecados de outro estava inerente ao judaísmo antigo, ainda que não seja predominante no judaísmo de hoje. Os antigos expositores rabínicos podiam claramente entender a mensagem do Salmo 40, de que holocaustos e sacrifícios de animais não eram o plano desejado e final de Deus em Suas tratativas com os pecados do homem.
O escritor do livro de Hebreus, um homem totalmente imerso em todos os ensinos do judaísmo, realmente mostrou que os sacrifícios de animais da lei mosaica eram inadequados:
"Ora, visto que a lei (de Moisés) tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das cousas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente eles oferecem. Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados? Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos, porque é impossível que sangue de touros e de bodes remova pecados" (Hb 10.1-4).
A lógica aqui é irrefutável. Se os sacrifícios de animais realmente pudessem perdoar pecados, as pessoas não teriam necessidade de serem continuamente relembradas de que seus pecados eram somente temporariamente cobertos pelos sacrifícios de animais. Era necessário haver um sacrifício que não somente cobrisse o pecado, mas que o destruísse, de uma vez para sempre, deixando de ser uma barreira entre o homem e Deus.
Os Bens Vindouros
Quando o escritor de Hebreus disse que a lei era somente uma sombra dos "bens vindouros" e não a sua realidade, ele estava pensando na solução permanente que Deus havia planejado, a de trazer Seu Cordeiro-Messias a este mundo, e, de uma vez por todas, julgar o pecado no Seu sacrifício substitutivo. O plano de Deus era acabar com todo o sistema de sacrifícios e de satisfação diária de Sua justiça ofendida pelo homem; e, ao fazê-lo, acabar também com a necessidade da lei externa e ritualística de Moisés.
Já que o Messias de Deus, Jesus, cumpriu o Seu papel como Aquele que leva o pecado do mundo, Deus agora está livre para perdoar os pecados dos homens puramente na base da fé deles nesse sacrifício permanente. Ele pode agora escrever as Suas leis divinas nos corações dos homens; Ele pode vir e viver dentro deles na pessoa do Seu Santo Espírito, e assim capacitar os homens a obedecerem às Suas leis motivados pelo amor e pela gratidão.
Jesus, o Messias, era "o bem" vindouro. Como o salmista disse a respeito dEle: "Oh! provai, e vede que o Senhor é bom" (Sl 34.8).
(Hal Lindsey - http://www.ajesus.com.br)
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