Os seguidores das doutrinas da Confissão Positiva dizem que não devemos submeter nossos pedidos à vontade de Deus. Não questiono a qualidade do caráter das pessoas mencionados neste trabalho. Questiono a qualidade de seus ensinos, comparados com a Bíblia Sagrada. Vejamos:

“Usar a frase `se for a Tua vontade´ em oração pode parecer espiritual, e demonstrar atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não adiantar nada, destrói a própria oração” (R.R.Soares, livro "O Direito de Desfrutar Saúde", p. 11, citado por Paulo Romeiro, Supercrentes, p.37).


Essa infeliz declaração é cópia fiel do que disse Benny Hinn, mais adiante registrada. Ora, submeter-se à vontade de Deus é bíblico, não anula nossas orações e é uma atitude espiritual. Se anulasse, a oração-modelo do Pai Nosso, ensinada por Jesus, para nada serviria; Jesus não teria sido um bom Mestre; milhões de orações nesses últimos dois mil anos foram ineficazes; nenhum crente em dois mil anos teria recebido qualquer bênção divina. Deus não respondeu a nenhuma delas. Logo de início vê-se o absurdo de tal declaração. Devemos confiar em quem? “Maldito o homem que confia no homem. Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.5,7). O cristão nunca deve esquecer o exemplo dos bereanos, que examinavam nas Escrituras se as coisas que Paulo e Silas ensinavam estavam corretas (At 17.10-12).

“Jesus me apareceu e disse que se alguém, em qualquer lugar, quiser tomar esses quatro passos ou pôr em operação esses quatro princípios, sempre receberá o que quiser de mim ou da parte de Deus Pai:
Passo 1 – Diga a coisa: positiva ou negativamente, tudo depende do indivíduo.
Passo 2 – Faça a coisa: Os atos derrotam-no ou lhe dão vitória.
Passo 3 – Receba a coisa: Compete a nós a conexão com o dínamo do céu.
Passo 4 – Conte a coisa: Contar para que outros também possam crer”
(Kenneth Hagin, "Como Registrar Seu Próprio Bilhete com Deus", p.5, citado por Hank Hanegraaaff, em "Cristianismo em Crise", p. 81). Referindo-se a João 14.14, Hagin ensina que “a palavra `pedir´ também significa `exigir´: `E tudo quanto exigirdes em Meu nome, isso [Eu, Jesus] farei”.

“Nunca jamais, em tempo algum vão ao Senhor e digam: `Se for da tua vontade...´ Não permitam que essas palavras destruidoras da fé saiam da boca de vocês. Quando vocês oram `se for da tua vontade, Senhor´ a fé é destruída. A dúvida espumará e inundará todo o seu ser. Resguardem-se de palavras como essas, que lhes roubarão a fé e os puxarão para baixo, ao desespero” (Benny Hinn, "Levante-se e Seja Curado", ibid, p.295). Frederic Price, outro arauto da Confissão Positiva, segue no mesmo diapasão: “Se você tem de dizer: `Se for da tua vontade´ ou `Que se faça a tua vontade´, então você está chamando Deus de idiota. É deveras estupidez orar para que a vontade de Deus seja feita. Isto é uma farsa, um insulto à inteligência de Deus”.

“Sereis semelhantes a Deus” 

É este um dos itens fundamentais da doutrina desses mestres da fé: o homem deve exigir seus direitos e não se submeter à vontade de Deus. Essa aberração teológica rebaixa o Criador, que fica à mercê das vontades e caprichos humanos, e exalta o homem, colocando-o em condições de igualdade com Cristo. Eles falam e ensinam o que o Senhor não mandou falar nem ensinar. Apresentam um cristianismo particular, muitas vezes fruto de experiências particulares, de visões e aparições.

“O homem foi criado em termos de igualdade com Deus... O crente é chamado de Cristo... Eis quem somos: somos Cristo... Você é tanto uma encarnação de Deus quanto Jesus Cristo o foi”. O Senhor fez o homem como o Seu substituto aqui na terra... O homem era Senhor... vivia em termos de igualdade com o Criador. Muitos não sabem ainda que são filhos e filhas de Deus tanto quanto o próprio Jesus... Nem o próprio Senhor Jesus tem uma posição melhor diante de Deus do que você e eu temos” (Kenneth Hagin, citado por Hank Hanegraaaff, Cristianismo em Crise, p. 116/7).

Essas palavras são um testemunho de que não podemos confiar na doutrina da Confissão Positiva. Afirmar em alto e bom som que o Príncipe da Paz tem posição inferior ao homem diante do Pai soa como uma blasfêmia contra o Filho Unigênito de Deus, o Verbo encarnado, o “Alfa e Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim”. Observem que Hagin rebaixa Jesus a uma condição de desigualdade com o Pai, ao mesmo tempo em que promove a deificação do homem. Essa doutrina é a da serpente (Gn 3.5).

“A razão para Deus criar Adão foi seu desejo de reproduzir a si mesmo. Adão não era um deus pequenino. Não era um semideus. Nem ao menos estava subordinado a Deus” (Kenneth Copeland). “Deus está duplicando a si próprio na Terra” (John Avanzini). “Vocês sabiam que desde o começo do tempo o propósito inteiro de Deus era reproduzir-se?... e quando estamos aqui de pé, vocês não estão olhando para Morris Cerullo; vocês estão olhando para Deus, estão olhando para Jesus” (Morris Cerullo). “Deus duplicou a si mesmo em espécie. Adão foi uma exata duplicata do tipo de Deus” (Charles Capps). “Jesus foi recriado nas portas do inferno” (Valnice Milhomens).

Notaram a tentativa de colocar o homem em condições de igualdade com Deus? Notaram como os componentes da orquestra da Confissão Positiva estão afinados? Essa orquestra está sob a batuta de quem? De Deus? Estão afirmando que o homem é uma clonagem do Criador. São esses os mestres que estão ensinando diariamente, pela televisão e por livros, a milhões de desavisados irmãos, ávidos por novidades e declarações chocantes. Eles estão repetindo a fórmula mágica apresentada pelo diabo a Eva, no Éden: “Sereis como Deus” (Gn 3.5).


Loucos por dinheiro

Entre Hagin, Hinn, Copeland, Jorge Tadeu, Robert Tilton, Morris Cerullo, Charles Capps e outros, parece haver uma disputa para ver quem cria mais aberrações teológicas e desvios doutrinários. Qual a razão de tanto empenho? Amor pelas almas perdidas ou amor ao dinheiro? A resposta vem de um dos componentes da orquestra, que desta vez saiu do tom. Leiam:

“Eu estava muito influenciado por Kenneth Hagin e Kenneth Copeland. Nenhum deles fala de salvação. Só de fé. A mensagem da fé é vazia sem o Espírito. A própria palavra [prosperidade] foi distorcida e tornou-se de importância fundamental no ministério. Dinheiro, dinheiro, dinheiro. É quase como ir a um cassino jogar” (Benny Hinn, citado por Paulo Romeiro, em Evangélicos em Crise, p.43-44). Hinn reconhece os erros doutrinários da Confissão Positiva, mas, parece, não consegue livrar-se das “concupiscências loucas e nocivas” que arrastam os homens à “ruína e perdição”, por causa do desejo ardente de ficarem ricos (1 Tm 6.9). Leiam o que ele declarou: “Anos atrás costumavam pregar: Ó, nós andaremos por ruas de ouro. Hoje eu digo: Não preciso de ouro lá em cima. Quero o ouro aqui embaixo”.

Benny Hinn tem razão. O cristianismo não é um cassino, em que quem arriscar mais, tem chance de levar mais. Se até agora nada deu certo; se não choveram dólares sobre você, é hora de arriscar tudo, numa última cartada. Entregue aos mestres a sua bolsa, seu salário, seus bens. Sabendo disso, o próprio Hinn ensinou: “Você quer prosperar? O dinheiro vai cair sobre você da esquerda, da direita e do centro. Deus começará a fazê-lo prosperar, pois o dinheiro sempre se segue à retidão... Diga comigo: Tudo que eu possa desejar já está em mim”. Alguém tem dúvida de que no Brasil as igrejas filiadas ao ministério dos Kenneth`s tocam a mesma música? Outra de Hinn: “O dinheiro sempre se segue à retidão” Traduzindo, significa que a pessoa justa, correta, honesta terá muito dinheiro. E o [crente] pobre? Não tem dinheiro porque não leva uma vida de retidão? É possível que o vil metal esteja provocando distúrbios mentais em muita gente.

Se Deus quiser

Conforme ensina a Confissão Positiva, submeter-se à vontade de Deus anula a oração; dizer “seja feita a tua vontade” é ser estúpido e chamar Deus de idiota. A estupidez e idiotice estão em quem ensina heresias. O “Jesus” que apareceu a Hagin e ensinou os passos decisivos para conseguir tudo o que desejar entrou em contradição com o Jesus da Bíblia. Na oração-modelo do Pai Nosso, Ele nos ensinou a pedir, e não exigir de Deus, e que em tudo “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.10); ensinou que devemos sempre fazer a vontade do Pai (Mt 7.21; 12.50); Ele mesmo dava o exemplo (Jo 4.34; 5.30; 6.38,39). Até no momento de maior dor, na última noite em que passou com os apóstolos, Jesus foi submisso à vontade do Pai: “Pai, se queres, passa de mim este cálice, todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22.42). Os mestres da prosperidade ensinam o oposto. Dizem que a nossa vontade é que deve prevalecer. Os apóstolos, que tinham o ensino de Jesus no coração, não pensavam do mesmo modo. Diante da recusa de Paulo em cancelar sua viagem para Jerusalém, eles se renderam aos fatos e disseram: “Faça-se a vontade do Senhor” (At 18.21; 21.14; cf. Sl 40.8; 143.10; Rm 1.10; 15.32; 1 Co 4.19; Hb 10.7; 1 Pe 2.15; 3.17; 4.2,19; 1 Jo 2.17).

A expressão `se Deus quiser` não entra no vocabulário dos mestres da prosperidade. A doutrina deles aponta para “eu digo, eu faço, eu recebo”. É o mesmo que dizer: Eu posso, eu mando, eu sou Senhor de mim mesmo. Isto é egolatria. A exemplo de `se for da tua vontade`, dizer `se Deus quiser´ é chamar Deus de idiota. Deveriam editar uma Bíblia particular, com interpretações próprias, ajustadas aos seus ensinos, como fizeram os testemunhas-de-jeová. Vejam o que diz a Palavra:

“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará. Vós que dizeis: Hoje ou amanhã iremos a tal cidade, lá passaremos um ano, negociaremos e ganharemos. Ora, não sabeis o que acontecerá amanhã... Em lugar disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser [ou se for da Sua vontade], viveremos e faremos isto ou aquilo. Vós vos jactais das vossas presunções. Ora, toda jactância tal como esta é maligna” (Tg 4.10,13-16).

É indiscutível o desencontro entre a Palavra de Deus e a doutrina da Confissão Positiva. Há declarações que chegam a ser uma blasfêmia: “Acredito que a oração do Pai Nosso não é para os crentes hoje em dia” (Frederic Price). Ora, o crente é que deve adaptar-se à vontade de Deus expressa na Bíblia, e não o contrário. Pelo visto, os fiéis da Confissão Positiva rejeitam por completo a oração ensinada por Jesus, porque nela os cristãos se colocam à mercê da soberana vontade do Senhor.

Pedir ou exigir?

Com relação à substituição do "pedir" pelo "exigir", vejam o seguinte. Pedir, do grego aiteõ, sugere a atitude de um suplicante que se encontra em posição inferior àquele a quem pede. É esse o verbo usado em João 14.13 – “E tudo quanto pedirdes em meu nome...” – e 14.14 – “Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei”. “Pedir”, do grego erõtaõ, indica com mais freqüência que o suplicante está em pé de igualdade ou familiaridade com a pessoa a quem ele pede, como, por exemplo, um rei fazendo pedido a outro rei. “Sob este aspecto, é significativo destacar que o Senhor Jesus nunca usou o verbo aiteõ na questão de fazer um pedido ao Pai”, por ter dignidade igual Àquele a quem pedia. (Jo 14.16; 17.9,15,20 – Fonte: Dic. VINE). Como a Confissão Positiva diviniza o homem, colocando-o no mesmo nível de Deus, não há porque pedir, mas exigir. Alguns falam em “reivindicar direitos”, da mesma forma como fazemos nos requerimentos endereçados às autoridades constituídas.

A Soberania de Deus

Um dos textos usados pelos mestres da Confissão Positiva é o seguinte: “E tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis” (Mt 21.22; cf. Mc 11.24; Jo 14.13; 15.7; 1 Jo 5.15). Alegam que, pela Palavra, Deus obriga-se a nos atender. Daí concluem que não precisamos pedir, mas exigir o direito a que fazemos jus. Dizem, também, que, em razão disso, é ocioso dizer `se Deus quiser´ ou `que seja feita a Sua vontade´. Esses desvios não são os únicos da Confissão Positiva.

Se a palavra acima funcionasse automaticamente, isto é, se de forma literal Jesus nos desse qualquer coisa que lhe pedíssemos com fé, nosso destino e nossas lutas estariam sob nosso próprio controle, o que seria desastroso, pois somos incapazes de conhecer o que nos aguarda o futuro e o que é melhor para nossa vida. Todavia, nosso “Pai sabe do que necessitais, antes de lho pedirdes” (Mt 6.8; cf. Ef 3.20). Ele nos dará o que for melhor, e nem sempre pedimos o que é melhor. Deus poderá responder SIM ou NÃO, visto que Ele é soberano para fazer somente o que lhe apraz. Vejamos exemplos bíblicos em que Deus respondeu negativamente: Paulo orou com fé para que Deus o livrasse de um espinho na carne, e Deus não o atendeu (2 Co 12.8-9). Ele também estava capacitado por Deus para curar enfermos (Mc 16.18; At 28.9)), mas não pôde curar Epafrodito (Fp 2.25-27) nem Trófimo (2 Tm 4.20) nem Timóteo (1 Tm 5.23).

A interpretação de Mateus 21.22 não pode ser literal porque Deus não pode nos dar qualquer coisa. Por exemplo, Deus não perdoa nossos pecados sem que tenhamos perdoado as ofensas recebidas, ainda que Lho peçamos com fé (Mc 11.23-26). Deus não me atendeu quando lhe pedi, em lágrimas e profunda dor, durante sete meses, que curasse a minha mulher. Também lhe pedi que tirasse a minha vida, mas a deixasse viver, mas não fui atendido. Minhas petições foram negadas. Os planos de Deus excediam a minha capacidade de compreensão.

Deus também não cura todas as pessoas, pelas quais oramos com fé. O mais certo é seguirmos o exemplo de Jesus: “Não seja, porém, o que eu quero, e, sim, o que tu queres” (Mc 14.36); e o de Paulo: “Se Deus quiser, outra vez voltarei a vós” (At 18.21; 1 Co 4.19); “A fim de que, pela vontade de Deus, chegue a vós...” (Rm 15.32). Deus tem razão em cem por cento das vezes em que Ele nos responde com um não. Depois de um certo tempo é que vamos entender que foi melhor assim.

A soberania de Deus, absoluta e universal, decorre de seus atributos incomunicáveis (onipotência, onisciência, onipresença, infinitude e imutabilidade). Deus é supremo sobre todas as coisas, em governo e autoridade. Ele faz o que quer com o que é seu (Mt 20.15) e se compadece de quem quer se compadecer, e terá misericórdia de quem quiser ter misericórdia. “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?” (Rm 9.15,16,18,21). Não se pode pôr limites à sua autoridade. “Deus não é menos soberano na distribuição de seus favores. A alguns dá riquezas, a outros, honra; a outros, saúde; enquanto outros são pobres, ignorados ou vitimados pela enfermidade. A alguns, ele envia a luz do evangelho; a outros, ele deixa nas trevas. Alguns, pela fé, são conduzidos à salvação; outros perecem na incredulidade. À pergunta “Por que isso é assim?”, a única resposta é aquela dada por nosso Senhor: “Assim foi do teu agrado, ó Pai” - Mt 11.26” (Teologia Sistemática Strong).

Por isso, devemos sempre dizer: seja feita a tua vontade, porquanto é o Senhor que “esquadrinha o coração, e provo a mente, e isto para dar a cada um segundo os seus caminhos, e segundo o fruto das suas ações” (Jr 17.10). O salmista aconselha: “Entrega o teu caminho ao Senhor, confia nele, e ele tudo fará” (Sl 37.5). Jó, um herói da fé, declarou: “Ainda que ele me mate, nele esperarei” (Jó 13.15).


Pr Airton Evangelista da Costa
Fonte: www.palavradaverdade.com

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